QUERO NAMORAR
Quero namorar suas palavras
E as outras que você copiou de alguém.
Quero namorar seus sentimentos,
Suas verdades.
Suas mentiras também.
Quero namorar sua cultura
E suas limitações.
Quero namorar suas formas,
Antes de retocá-las.
E aprender a te namorar
A cada vez que sua moldura
For retocada pelo tempo.
Quero namorar sua voz
E seu silêncio.
Suas conclusões
E suas interrogações.
Suas dúvidas
E suas certezas.
Seus anseios, seus receios,
Suas vontades e suas coragens.
Seu céu e seu inferno.
Poder sustentar suas nuvens
E amenizar as chamas
Que lhe consomem.
Quero amar seu circo,
Seu palco,
Seus naufrágios e seus vôos.
Quero gargalhar contigo,
Interpretar também.
Afundar de mãos dadas
E flutuar sem rumo.
Quero namorar seus sonhos
E aliviar seus pesadelos.
Quero amarrotar seus lençóis,
E acordar do seu lado.
Sorrir,
Quando a colcha cobrir somente seu corpo
E aceitar o frio em detrimento do seu conforto.
Quero dormir de costas,
Pela simples realidade de confiar
No outro lado da cama.
Quero fazer seu café,
Seu almoço, seu jantar.
Conhecer suas preferências
E seus gostos.
E quando não puder atender,
Ser criativo para te surpreender.
Quero conhecer profundamente seus números.
Sua cintura, seu busto, seus ombros, suas pernas.
Sem medidas prévias.
Simplesmente ler o encaixe
Do teu côncavo no meu convexo.
E ser inteligente para não comentar
Se sua tela ficar maior que minha moldura.
Quero conhecer seu guarda roupa.
Ter cada peça memorizada.
E ter a simplicidade de sugerir
Uma linda combinação.
Quero lhe comprar roupas
E jamais esquecer o número do teu calçado.
Quero ter sagacidade para perceber
O brilho dos seus olhos,
Para poder realizar
Todos os seus pequenos sonhos.
E dar tudo de mim para realizar
Os grandes também!
Quero ser seu único.
Seu diamante perfeito.
Sua pedra preciosa.
A jóia que você queira usar
Nos melhores momentos da sua vida.
Quero desfilar contigo,
Sempre ao lado!
Mas quero aprender a ser coadjuvante
Quando a individualidade lhe for necessária.
Quero ter inteligência para elogiar
O outro que levou teus olhos
E sutil o bastante pra esconder
De ti a outra que levou os meus.
Quero estender sua toalha
E recolher seus sapatos.
Quero lavar nossos pratos.
Quero saber seus tantos
E seus quantos,
Como e onde.
Quero venerar seus Santos.
Ir à missa aos domingos
Aos cultos.
Jurar as mesmas juras,
Pedir as mesmas graças,
Chorar nos mesmos cânticos.
E que eu consiga descobrir
Todas essas coisas
Logo nos primeiros dias
E as revele homeopaticamente.
Na medida certa da cura
De qualquer um dos seus males,
Tanto quando na floração
De cada uma das suas virtudes.
E se, ainda assim, não conseguir.
Ser suficiente,
Vou descobrir coisas novas,
Além daquilo que você tenha pensado
Ou desejado.
Por fim, depois de tentar lhe fazer única,
Quero partir por último,
Para não lhe causar a dor de chorar por mim.
(O ETERNO DESCONHECIDO)
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Carinhosamente,
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